Creatina causa queda de cabelo? O mito sobre a calvície

A creatina é um dos suplementos mais pesquisados e amplamente utilizados no mundo dos esportes e da musculação, conhecida por seus benefícios para o aumento de força, desempenho e ganho de massa muscular. No entanto, um mito recorrente é a ideia de que a creatina pode causar queda de cabelo ou calvície. Este mito gerou dúvidas e preocupações entre muitos usuários de creatina.

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Vejamos o que a ciência diz sobre essa questão e separar os fatos dos mitos.

A origem do mito: estudo sobre DHT e creatina

O mito de que a creatina pode causar queda de cabelo vem, na maioria, de um estudo realizado em 2009 com jogadores de rúgbi universitários na África do Sul.

Nesse estudo, foi observado que a suplementação de creatina estava associada a um aumento nos níveis de DHT (dihidrotestosterona), um hormônio derivado da testosterona que está associado à calvície de padrão masculino (alopecia androgenética).

O que o estudo mostrou?

  • O estudo relatou que os jogadores que tomaram creatina experimentaram um aumento de cerca de 56% nos níveis de DHT após uma semana de suplementação com uma dose de 20 gramas por dia (fase de saturação), seguida por 5 gramas por dia durante duas semanas.
  • No entanto, os níveis de testosterona total não foram alterados pela creatina. A pesquisa mostrou apenas um aumento no DHT, o que levantou a hipótese de que a creatina poderia aumentar o risco de queda de cabelo em indivíduos predispostos à calvície genética.

O DHT está relacionado à calvície?

Sim, o DHT é um dos principais hormônios ligados à queda de cabelo em homens e mulheres predispostos geneticamente à alopecia androgenética. O DHT faz com que os folículos capilares encolham, o que eventualmente resulta na perda de cabelo em algumas pessoas.

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No entanto, é importante destacar que:

  1. Predisposição genética: O DHT está relacionado à calvície apenas em pessoas, geneticamente predispostas. Se você não tem histórico de calvície em sua família, é muito menos provável que um aumento nos níveis de DHT leve à queda de cabelo.
  2. O estudo foi limitado: O estudo que associou a creatina ao aumento de DHT foi realizado com um pequeno grupo de homens, e não há evidências suficientes para sugerir que a creatina causa queda de cabelo em todos os usuários. Além disso, outros estudos não replicaram esses achados consistentemente.

A creatina realmente causa queda de cabelo?

Exame de queda de cabelo
Exame de calvíce. Foto/reprodução: Freepiks.

Com base nas evidências disponíveis, não há provas concretas de que a creatina cause queda de cabelo.

Embora o estudo de 2009 tenha mostrado um aumento no DHT, não houve um acompanhamento específico para verificar se os participantes realmente experimentaram queda de cabelo ao longo do tempo.

Além disso, a creatina não afeta diretamente a testosterona total, o que enfraquece ainda mais a ligação direta com a calvície.

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O que a ciência diz?

  1. Sem evidências robustas: Desde o estudo de 2009, não houve estudos sólidos que liguem diretamente a creatina à queda de cabelo em um grupo amplo e diversificado de indivíduos. Portanto, a conexão entre creatina e calvície permanece uma especulação sem confirmação científica.
  2. Efeito em indivíduos predispostos: Se você é geneticamente predisposto à alopecia androgenética e já tem preocupações com a queda de cabelo, o aumento do DHT pode, teoricamente, agravar o problema. No entanto, isso não significa que todos que tomam creatina enfrentarão queda de cabelo.
  3. A creatina é segura para a maioria das pessoas: A creatina é considerada segura e eficaz para a grande maioria dos usuários, com inúmeros estudos mostrando seus benefícios para o desempenho físico, recuperação e ganho de massa muscular sem efeitos colaterais graves.

Opinião de especialista

Dr. Paulo Muzy avalia os estudos e igualmente expõe seu conhecimento perante o tema. Créditos: Muzy Explica.

Como minimizar o risco de queda de cabelo?

Se você está preocupado com a queda de cabelo e toma creatina, há algumas coisas que você pode fazer para minimizar o risco:

  1. Avalie seu histórico familiar: Se você tem uma predisposição genética para a calvície, como muitos homens com histórico de alopecia androgenética, você pode considerar monitorar seus níveis de DHT ou consultar um dermatologista antes de iniciar a suplementação com creatina.
  2. Considere o uso de bloqueadores de DHT: Para pessoas com tendência à queda de cabelo, o uso de bloqueadores de DHT como finasterida ou minoxidil pode ajudar a reduzir os efeitos do DHT nos folículos capilares. Isso pode ser uma opção para quem quer continuar a tomar creatina sem se preocupar com a queda de cabelo.
  3. Mantenha uma dieta equilibrada: Certifique-se de que está consumindo nutrientes essenciais para a saúde do cabelo, como biotina, zinco, ferro e vitaminas do complexo B. Uma boa nutrição pode ajudar a proteger seus folículos capilares e melhorar a saúde geral do cabelo.

O veredito

Por mais que o estudo de 2009 tenha levantado preocupações sobre a creatina e o aumento de DHT, não há provas suficientes para afirmar que a creatina cause queda de cabelo em homens ou em mulheres.

A queda de cabelo relacionada ao DHT está mais ligada a fatores genéticos, e a creatina pode não afetar diretamente aqueles que não são geneticamente predispostos à alopecia androgenética.

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Para a maioria das pessoas, a creatina é um suplemento seguro e eficaz para melhorar o desempenho físico, e o risco de queda de cabelo continua sendo baixo e não comprovado.

Se você está preocupado com a saúde do seu cabelo, é sempre uma boa ideia consultar um dermatologista antes de iniciar qualquer novo regime de suplementação.

Fontes consultadas (+)

Van Der Merwe, J., et al. “Effects of creatine supplementation on the hormones involved in the regulation of the hypothalamic-pituitary-testicular axis in rugby players.” Clinical Journal of Sport Medicine, vol. 19, no. 5, 2009, pp. 399-404.
Kreider, R. B., et al. “International Society of Sports Nutrition position stand: safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine.” Journal of the International Society of Sports Nutrition, vol. 14, no. 1, 2017, pp. 1-18.
Cash, T. F., et al. “The psychosocial consequences of androgenetic alopecia: A review of the research literature.” British Journal of Dermatology, vol. 141, no. 3, 1999, pp. 398-405.

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