InícioTreinoTreinar até a falha é bom? Descubra os benefícios, riscos e como usar a técnica

Treinar até a falha é bom? Descubra os benefícios, riscos e como usar a técnica

Você já deve ter ouvido aquela frase clássica na academia: “Se não treinar até a falha, não vai crescer!”. Ou talvez já tenha visto alguém esgotado, lutando para levantar o peso na última repetição, até que simplesmente… não consegue mais.

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Mas será que treinar até a falha realmente é a chave para ganhar mais músculos? Ou pode acabar sendo um tiro no pé, trazendo mais lesões do que resultados?

A resposta curta é: depende. Assim como qualquer estratégia de treino, o método tem suas vantagens e desvantagens.

Coloque a toalha no ombro, pegue sua garrafinha de água e bora entender melhor como (e quando) chegar ao limite no treino!

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O que significa treinar até a falha?

Treinar até a falha significa levar uma série de exercícios até o ponto em que seus músculos simplesmente não conseguem mais realizar outra repetição com boa técnica, mesmo que você dê tudo de si.

Imagine que você está fazendo rosca direta com halteres. As primeiras repetições fluem bem, mas, lá pela oitava ou nona, seus braços começam a queimar. Na última tentativa, você levanta o peso, faz força, trava… mas não consegue concluir o movimento. Pronto, você chegou à falha muscular concêntrica.

Esse ponto de exaustão sinaliza ao seu corpo que ele precisa se adaptar, reparando e fortalecendo suas fibras musculares para estar mais preparado no próximo desafio.

Segundo Brad Schoenfeld, especialista em ciência do exercício e referência mundial em hipertrofia muscular, levar os músculos até a falha pode maximizar a síntese proteica, desde que seja feito com inteligência e controle.

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Em resumo: falhar não significa “fracassar”, mas sim atingir seu limite com segurança e planejamento.

Quais são as vantagens de treinar até a falha?

Arnold fazendo desenvolvimento militar até a falha total do músculo.
Arnold fazendo desenvolvimento militar até a falha total do músculo.

1. Recrutamento máximo de fibras musculares

Quando você treina até a falha, seu corpo é obrigado a usar todas as fibras musculares disponíveis, inclusive as fibras tipo II, conhecidas por serem mais fortes e por terem maior potencial de crescimento.

Explicação científica:
Brad Schoenfeld explica que essas fibras só são acionadas quando as reservas principais de força (fibras tipo I) já estão esgotadas. É como ter um time de reservas que só entra em campo no segundo tempo — mas faz toda a diferença no resultado final.

2. Aumento na síntese proteica

A síntese proteica é o processo pelo qual o corpo repara e constrói novas fibras musculares após o treino.

Explicação científica:
O pesquisador Masahiro Goto, especialista em adaptação muscular, descobriu que séries realizadas até a falha aumentam significativamente a sinalização para esse processo de reconstrução, gerando maior estímulo para hipertrofia.

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3. Quebra de platôs

Sabe quando parece que você está treinando, se esforçando, mas os resultados simplesmente não vêm?

Treinar até a falha pode ser o “empurrãozinho” que faltava para sair desse platô. Isso porque a intensidade extrema força seu corpo a se adaptar a um novo nível de esforço.

James Fisher, especialista em treinamento resistido, defende que incluir séries até a falha pode ser a chave para destravar ganhos que estavam estagnados.

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4. Resistência mental

Treinar até a falha também é uma batalha psicológica. Aguentar aquela última repetição quando tudo parece estar queimando fortalece não só os músculos, mas também sua mente..

Quais são os riscos de treinar até a falha?

Nem tudo são flores, e treinar até a falha também traz alguns riscos importantes que você precisa considerar.

1. Maior risco de lesões

No limite, a técnica costuma falhar antes da força. E é exatamente aqui que mora o perigo.

O que a ciência diz?
Estudos conduzidos por Goto e colaboradores em 2005, mostram que treinos frequentes até a falha aumentam a incidência de dores articulares e musculares, especialmente em exercícios compostos como agachamentos e levantamento terra.

2. Overtraining (excesso de estímulo)

Seu corpo precisa de tempo para se recuperar. Se você força seus músculos até a falha em todas as séries, todos os dias, pode acabar esgotando não só os músculos, mas também seu sistema nervoso central.

Explicação científica:
De acordo com Andrew Fry, especialista em fisiologia do exercício, o excesso de treinos até a falha pode levar a sintomas como fadiga extrema, insônia e queda no desempenho.

3. Queda na qualidade do treino

Se você atingir a falha logo no início do treino, dificilmente conseguirá manter o mesmo nível de desempenho nas séries seguintes. O resultado? Um volume total de treino menor e, muitas vezes, ineficaz.

Por isso, técnicas de treino como o Deload são benéficas ao longo prazo.

Como usar o treino até a falha inteligentemente?

Treinar até a falha não é nada que deve ser feito de forma aleatória. Veja algumas recomendações:

  1. Priorize exercícios isolados: Use essa técnica em exercícios como cadeira extensora, rosca direta ou crucifixo.
  2. Deixe para a última série: Aplique o treino até a falha apenas na última série do exercício.
  3. Prefira máquinas: Elas oferecem mais segurança e estabilidade para executar os movimentos.
  4. Descanse adequadamente: Músculos levados até a falha precisam de pelo menos 48 horas de recuperação antes de serem trabalhados novamente.
  5. Evite exagerar: Treinar até a falha deve ser uma ferramenta estratégica, não uma regra para todas as séries.

Quem deve treinar até a falha?

  • Intermediários e avançados: Que já dominam a técnica dos exercícios.
  • Atletas que buscam romper platôs: Para adicionar um estímulo extra.
  • Quem tem acompanhamento profissional: Para garantir a execução correta.

Quem deve evitar:

  • Iniciantes: Ainda estão desenvolvendo controle motor e técnica.
  • Lesionados ou em recuperação: A intensidade pode agravar lesões.
  • Sem acompanhamento: Sem supervisão, o risco de falhas técnicas aumenta.

Leia também: 20 dicas de musculação: Como evoluir com inteligência, segurança e consistência

Dica final: Treinar até a falha pode ser eficaz, mas exige estratégia

Treinar até a falha é uma ferramenta poderosa, mas não é uma regra universal. Seus benefícios — como maior recrutamento de fibras e síntese proteica otimizada — são bem documentados, mas seus riscos também não devem ser ignorados.

A chave está no equilíbrio: use essa técnica em momentos estratégicos, com exercícios adequados e tempo suficiente para recuperação.

Musculação é sobre técnica, consistência e paciência. Saber quando forçar ao máximo e quando parar pode ser a diferença entre o sucesso e uma lesão.

Agora é com você: treine com inteligência, respeite seus limites e evolua com segurança.

Fontes consultadas (+)
  1. SCHOENFELD, B. J. The Mechanisms of Muscle Hypertrophy and Their Application to Resistance Training. Journal of Strength and Conditioning Research, 2010.
  2. GOTO, K. et al. Training to failure and muscle damage. European Journal of Applied Physiology, 2005.
  3. FRY, A. C. et al. Overtraining in resistance exercise: an overview. Sports Medicine, 1994.
  4. FISHER, J. et al. Resistance training to momentary muscular failure improves strength and muscle size. Journal of Exercise Science & Fitness, 2013.
  5. NUCKOLS, G. Training to failure: does it really work? Stronger by Science, 2018.

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Rodrigo Almeida
Rodrigo Almeidahttps://www.basefitness.com.br/
Olá! Sou Rodrigo Almeida, formado em Educação Física pela PUC-RS e apaixonado por corrida. Correr é mais do que um esporte para mim; é onde encontro liberdade, superação e equilíbrio. Na Basefitness, meu objetivo é compartilhar essa paixão com você, trazendo dicas práticas e acessíveis para começar ou evoluir na corrida, sempre de forma segura e consciente. Quero ajudar você a descobrir como cada passo pode transformar não só o corpo, mas também a mente.